quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Pior que uma pedra de crack

Um dia, em um setor de desenvolvimento de aplicativos para celular, alguém pensou:
- Vamos criar algo que permita ao nosso consumidor dormir por mais cinco minutos toda manhã. É aquilo que ele sempre pedia a sua mãe quando pequeno, mas não era atendido.
A idéia, aclamada dentro da empresa, parecia genial. Foi pensada uma campanha que consistia no slogan "Exclusivo botão soneca: proporcionando aquilo que sua mãe sempre vetou" combinado a uma promoção que daria um maço de cigarros a cada dez reais em recargas. Ninguém da indústria do tabaco, entretanto, quis associar seu nome a uma companhia de telecomunicações. Ainda assim, o lançamento dessa tecnologia alavancou tanto as vendas de aparelhos celulares a ponto de, em um primeiro momento, temer-se uma possível queda no sistema devido ao grande número, não esperado, de pessoas utilizando seus novos telefones.
Hoje, a função soneca do despertador é mais obrigatória em celulares do que a capacidade de mandar mensagens de texto. Mais barata e mais prazerosa também. Porém, após anos considerada como uma das melhores invenções dos últimos tempos, ao lado do transplante de coração, esse botão começa a mostrar seu lado nocivo. Atraídos pela idéia de permanecer mais cinco minutos dentro da bolha de conforto que nos protege da fria e feia realidade, acabamos por querer, assim como queremos tudo de que nossas mães nos protegiam, cada vez mais usufruir do que ele nos oferece. O botão soneca vicia.
A batalha contra a dependência não é fácil. Eu mesmo luto contra esse vício que corrompe a minha vida e causa sérios problemas aos meus estudos. E pra isso criei este blog, no qual poderei relatar minha vida de dependente, batalhando para que um dia eu tome coragem e arranque a famigerada tecla de meu celular.